domingo, 27 de dezembro de 2015

Como a Fênix

Mais um ano está terminando. Foram 12 meses de alegrias, tristezas, luzes e sombras, notícias positivas ou não, tragédias no Brasil e em muitos outros países. Cresceram as vozes que exigem mudanças internas e externas. Aumenta a necessidade de interiorizarmos a consciência de que somos parte de um grande Universo, o qual está em constante evolução.

Cabe ao ser humano acompanhar esta mudança e amadurecer internamente, a fim de que possa externar este crescimento de modo positivo e acolher aqueles que precisam de ajuda neste sentido.

Enfim, 2015 está em seus estertores, mas continuam as guerras, os ódios e as lutas fratricidas. As catástrofes naturais (incêndios, enchentes, tufões) deixam seu rastro de destruição e perplexidade junto aos atingidos. Mais uma vez, porém, o ser humano é capaz de demostrar sua capacidade de estender a mão como vem ocorrendo em diversos pontos do planeta. 

Além disto, quando esta dor é quase insuportável e causada não tanto pela ação da natureza, mas pela mão do homem, como aconteceu nos diversos ataques terroristas, as pessoas unem-se para suportar a dor e expressarem seu pesar e incredulidade. Afinal, tal barbárie não parece ação de um ser humano.

Mesmo quando todo o cenário apresentado é desfavorável e de pouquíssima esperança há sempre uma força motriz capaz de fazer com que desanimados se animem e intolerantes sejam mais tolerantes, aceitando o diferente; fazendo com que aqueles que choram de tristeza, alegria ou dor possam sorrir,  pelo menos por um minuto, ao raiar de um Novo Ano. Como a fênix que renasce e abre suas asas para alçar um voo mais alto em direção ao infinito.

Um clima de ansiedade e de esperança começa a encher o ar, aguardando a chegada de 2016. No entanto, a mudança de número em nada alterará o cenário se cada pessoa internamente não fizer sua própria mudança e não for capaz de como uma fênix renascer das cinzas, confiando na possibilidade de fazer tudo diferente e realmente de um novo modo.

Desejo e espero que todos sejamos como uma pequena fênix e acreditemos na possibilidade de renascer das cinzas de 2015 para um alvorecer de esperança e concretização em 2016.

Regina Maria da Luz Vieira (Regiluzvieira)

domingo, 6 de dezembro de 2015

O que importa de fato

É O “COMO” QUE IMPORTA

Há dias em que as coisas — humanamente falando — vão bem, e há dias em que vão menos bem. Repete-se, então, a doce experiência de que, na vida presente que nos é dada, não importa se tudo corre bem ou não; importa como se vive esta vida, porque naquele “como” está a caridade, que por si só dá valor a tudo.
Com efeito, ama a Deus quem observa a sua Palavra.
Nós, durante o dia, devemos lembrar-nos de que não levaremos ao Paraíso nem as alegrias, nem as dores. Também dar o próprio corpo às chamas, sem a caridade, de nada vale .
Nem valem as obras de apostolado. Também o conhecer a linguagem dos anjos, sem a caridade, de nada vale. Nem as obras de misericórdia. Distribuir tudo aos pobres, sem a caridade, não tem valor.
Ao Paraíso levaremos o como tivermos vivido tudo isto: isto é, se tivermos vivido segundo a palavra de Deus, pela qual podemos exprimir a nossa caridade.
Por isso, levantemo-nos cada dia felizes: quer haja tempestade, quer brilhe o sol; e recordemo-nos de que, do nosso dia, valerá o quanto tivermos “assimilados” da palavra de Deus. Deste modo, Cristo naquele dia viverá em nós e Ele dará valor às obras que tivermos feito, através do nosso empenho direto ou com o subsídio da oração e do sofrimento. Essas obras, no final nos seguirão .
Em suma, poderemos apreciar como a palavra de Deus, a Verdade, nos torna livres..., livres das circunstâncias, livres deste corpo de morte, livres das provas do espírito, livres do mundo, que — insidiando-nos — quer roubar a beleza e a plenitude do reino de Deus em nós.

Chiara Lubich

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Um ato de coragem


O atentado em Paris repercute na imprensa há quase 1 semana. Era de se esperar, afinal são mais de 120 mortos e outras tantas pessoas feridas na capital mais visitada por turista de todo o mundo.
Entretanto, a notícia abaixo quase passou despercebida, mas graças a ação praticada pelo jovem pai, muitas vidas puderam ser salvas no Líbano poucos dias antes do atentado a Paris. 
Considero que este fato merece também a atenção de todos que esperam, desejam e se esforçam pela paz em todo o Mundo civilizado e racional, já que constituído por sere humanos.

Regina Maria da Luz Vieira (Regiluzvieira)



Adel Termos estava com a filha no mercado quando ouviu uma explosão e logo percebeu que um homem com um colete de explosivos se aproximava da multidão.

Ele não pensou duas vezes. Lançou-se sobre o sujeito e o derrubou. Uma vez no chão, o suicida acionou o explosivo.

Termos, de 32 anos, morreu na hora, mas salvou não apenas a vida de sua filha, como a de muitas outras pessoas.

A capital libanesa sofreu na quinta-feira passada uma série de atentados suicidas que causaram pelo menos 41 mortes e feriram 200 pessoas.

Sua façanha foi divulgada pela imprensa local, mas só repercutiu internacionalmente dias depois.

O ato de Termos acabou ofuscado pelos atentados na França, que já somam 132 mortos e mais de 300 feridos, quase cem em estado grave.

"Há muitas famílias, centenas provavelmente, que devem tudo ao sacrifício dele", afirmou o médico e blogueiro libanês Elie Fares à rádio norte-americana PRI.


Fonte :Uol e Folha Notícias

sábado, 7 de novembro de 2015

O simbolismo cultural sobre a morte

O simbolismo cultural na palavra morte ou no discurso sobre a morte

Por que ter medo da morte?
Enquanto somos, a morte não existe,  e quando ela passa a existir,
nós deixamos de ser. (Epicuro)
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
(Álvares de Azevedo) 
                 

A raiz da palavra Morte

Originalmente do Latim MORS; MORTIFICARE: “causar a morte”; 

“morte; raiz de FACERE, “fazer”.

A raiz mor-, “morrer” é Indo-europeu da qual descendem as demais palavras:


FÚNEBRE – palavra que vem do Latim funus, “morte, enterro”.

Funéreo - sinônimo de fúnebre. 

O processo de significação das coisas –  A relação com a morte e o Velório no Brasil

A fim de descaracterizar  o peso da palavra morte e o sentido de sofrimento, em geral, na área da medicina esta representação está na palavra cadáver. Entretanto, a imagem ou sua representação ainda se refere ao ser humano.
Outro aspecto a ser considerado dentro do universo simbólico é a questão do Velório.
Em nosso país  há um tempo específico para este ritual: 24h.Porém, autoridades ou pessoas públicas  têm velóriocs com duração de 48h. Além disso, o clima tropical  favorece a decomposição do corpo, o que dificulta um tempo maior neste ritual.
Outra característica ritual e religiosa no país é a celebração de missas nos seguintes períodos: 7º dia, 30º dia e um ano. Ou mensalmente conforme a vivência religiosa da família do morto.



  Sintetizando


  A morte é celebrada como memória cultural de um ovo; memória como  lembrança. Cada civilização constrói seu signo-símbolo. Mas sempre é um ritual fúnebre e, embora público (pois muitos comparecem) é considerado privado, pois restrito a familiares, parentes e amigos do defunto. 

   Outro aspecto a ser considerado é o desaparecimento físico da pessoas.
     Entretanto, diversas culturas ocidentais e orientais consideram que descanso e vida eterna se interligam. É sempre uma perda.  
     Flores, velas, roupas e outros objetos cultuam a memória do morto, ou melhor sua vida na terra.  


Regina Maria da Luz Vieira (Regiluzvieira)

 





segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Dor, esperança e fé se unem

Hoje é um dia especial para o povo brasileiro, que festeja a sua padroeira com fé, esperança, amor e alegria. No entanto, como a própria situação do país, este é também um momento de oração de luto, pois diversos fiéis se acidentaram agora pela manhã na cidade de Duque de Caxias, quando estavam a caminho da celebração em homenagem a N. Sra. Aparecida.

A ponte de madeira,.ligando a estrada com a igreja N. Sra. do Pilar desabou. Trata-se de uma ponte de madeira construída como meio de acesso em função de obras que interditaram a principal via da região.

Este é um fato que contribui para reforçar o momento crítico em que se encontra o país: dor, tristeza e vergonha por tanta corrupção, gerando insegurança, insatisfação e muita descrença no tocante à classe política, as nossas lideranças e nossos governantes. 

Mas também, é um momento de demonstração da esperança, fé e confiança de que tudo pode ser mudado, transformado pela ação pessoal, coletiva e, sobretudo, vontade política. Essa transformação precisa e deve ser vita  por meio de ações sociais não de clientelismo, mas que de fato ações capazes de criar uma sustentabilidade futura num patamar de seriedade, respeito pelo coletivo, por aquilo que é de todos.

Penso que este dia de Nossa senhora da Conceição Aparecida, não é apenas um momento de romaria, de devoção popular, mas de reflexão por parte de cada brasileiro e, de modo especial, da classe governante, sobre as mudanças necessárias, possíveis e capazes de evitar que fatos como este que ocorreu em Duque de Caxias não volte a se repetir. No fim, quem sempre sofre é a população mais carente, os bairros que mais necessitam de infraestrutura e de pessoas competentes capazes de estrem a frente de cargos públicos em todos os níveis.

Portanto, rezemos sim, peçamos sim, que N.. Sra. Aparecida seja àquela que interceda para que todos, cristãos ou não, tenham consciência e se responsabilizem de fato por suas ações. E, de modo especial, para que todos aqueles que têm cargo público e político-partidário visem de fato o bem comum, a coletividade e não apenas para o período de vigência de seus mandatos, mas trabalhem e contribuam a fim de que tanto as gerações presentes como as futuras acreditem que vale a pena construir  algo novo com base na ética, na fé e no amor fraterno, considerando todos como filhos de um mesmo Pai e uma mesma Mãe que acolhe todos sob seu manto, esperando que os homens sejam de fato sinceros, honestos e crentes num mundo melhor para todos.

Regina Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)

domingo, 13 de setembro de 2015

Tragédia ativa solidariedade

A solidariedade é algo inerente ao ser humano, mas no momento atual está ‘subdesenvolvida’, precisando ser ‘ativada’, segundo Morin (2013), em seu livro A Via. Com base nesta premissa podemos dizer que este subdesenvolvimento está se modificando ainda que letárgica e forçosamente, em função de tantas situações desumanas que estão ‘pipocando’ ao redor do mundo.

Um sinal dessa solidariedade ativada foi a grande comoção do chamado mundo civilizado, causada pela imagem do corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de três anos, encontrado na praia da Turquia, numa tentativa frustrada da família para chegar à Grécia. Entretanto, esta comoção não impediu que uma cinegrafista desse uma rasteira num pai que fugia da guerra, com o filho ao colo em busca de melhores condições de vida. 

Ainda assim, diante do número cada vez maior de refugiados que chegam aos vários países, inclusive no Brasil, esta solidariedade subdesenvolvida está mudando de nível, ou seja, começa a se desenvolver, depois de meses e meses de tragédias no mar.

Foi necessária a perda de vidas inocentes para que esta solidariedade se ativasse junto aos governantes europeus, que diante de uma tragédia a tempos anunciada, decidisse aceitar refugiados, estabelecendo cotas para recebê-los nos diversos países. Porém, mais do que isso é preciso definir políticas, a longo prazo, para esta situação que tende a se agravar, já que os países devastados pela guerra pouco têm a oferecer aos seus cidadãos.


Diante deste quadro, todo e qualquer sinal de solidariedade é sempre bem-vindo e, neste aspecto, a junção de ações individuais buscando compartilhar recursos escassos e conhecimentos que visem criar melhores condições dentro de uma comunidade ou região pode ser considerado como o despertar da sociedade para o fato de que todos são partes de um único conjunto chamado Mundo.

Regina Maria da Luz Vieira (Regiluzvieira)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Redes Sociais

Não sou uma assídua frequentadora das Redes Sociais, embora tenha facebook, linkedin e twitter, pois o tempo é curto para atender tais demandas. Entretanto, hoje deparei-me com uma notícia muito positiva no facebook. Trata-se de um simples gesto de atenção e reciprocidade que gerou uma campanha de solidariedade, contribuindo diretamente para a aquisição de um veículo para deficiente físico.


Isto prova que a sociedade atual está mudando e as pessoas estão mais atentas a detalhes e, principalmente, àqueles que estão ao seu lado seja no trabalho, na rua ou num consultório. Comprova aquilo que sempre acredito: ou seja, sempre existe luz no fim do túnel. Se há sombra é porque também há luz.
Veja no link abaixo como um gesto de agradecimento por parte de uma garçonete desencadeou uma onda de boas ações. Não é filme, mas uma história real.


Regina Maria da Luz Vieira (Regiluzvieira)

domingo, 2 de agosto de 2015

Pensamentos e reflexões


A escolha do texto abaixo tem como objetivo nos levar a refletir sobre quão vã é apegar-se as coisas aqui na terra. 

Isto porque quando partirmos, levaremos apenas o que trouxemos, ou seja: nós mesmos e aquilo que tivermos feito da vida.

Sempre que medito a respeito, entendo que o mais importante é estar na disposição de acolher o que chega e saber discernir sobre se nos convém ou não assumir como valor ou verdade para a vida terrena.

Se a resposta é sim, então, é uma grande dádiva a ser acolhida não por merecimento próprio, mas como presença divina no cotidiano muitas vezes conturbados por tantas realidades e situações.

Regina Maria da Luz Vieira (Regiluzvieira)



"MEDITAÇÃO DIÁRIA"
O homem habitualmente se apega aos objetos porque acredita que vão trazer-lhe felicidade, tornando-se, dessa forma, escravo das coisas exteriores.
Quando, porém, encontra a felicidade dentro de si, quando não depende mais desses contatos externos, reencontra o domínio de si.

Seja, pois, o Amo. Fique sempre em contato com o Atman imortal e onipresente e, ligando-se inteiramente à divindade que a tudo abraça, torne-se uma força voltada para a justiça.

Você nasceu para alcançar a grande Verdade e para realizar grandes feitos. Está em seu poder elevar-se a esse estado supremo.

Swami Ramdas

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A luz que surge no fim do túnel

Buscar notícias boas num mar de informações e atualizações negativas ou que ressaltam o lado mais negativo dentro da sociedade parece uma utopia. Entretanto, existem boas notícias e, quando temos conhecimento sobre elas, acreditamos que é possível construir e colaborar para um mundo melhor. Um exemplo: grandes empresas começam a se preocupar não apenas com o próprio lucro e o crescimento econômico. Já entenderam que qualidade de vida não é apenas elevar a renda de populações que enfrentam situações caóticas.

Estas populações também querem ter suas necessidades básicas atendidas e isto inclui saneamento básico, atendimento médico, nutrição e educação. Diante disso, duas grandes marcas nas áreas de bebidas (não alcoólicas) e cosméticos se uniram para pesquisar e desenvolver ações que atendam aos moradores de zonas rurais na região da Amazônia, por exemplo.

As empresas fizeram uma pesquisa e estas apontaram que a falta de rede esgoto e não a desnutrição é a causa do alto índice de mortalidade infantil naquela região; assim como a falta de professores locais é um dos obstáculos centrais à continuidade da educação formal. Dentre as ações já realizadas estão ajuda a ONG Memorial Chico Mendes para solicitar verba ao Ministério do Desenvolvimento Social para construção de rede esgoto e fornecimento de água potável na chamada região do médio Juruá, atendendo 2 mil 800 famílias daquela localidade (http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1092/noticias/so-o-dinheiro-nao-basta-para-obter-progresso-social).

Neste período, em que tanto se fala em recessão, falta de oportunidades, inflação e juros altos, pelo menos 20 cidades brasileiras estão na contra-mão e ofereceram oportunidades para a população brasileira. Dentre estas cidades estão Franca, no interior de SP, Santa Cruz do Sul (RS), Blumenau (SC), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Pelo menos no primeiro trimestre de 2015 estes municípios abriram vagas em diferentes setores, demonstrando assim que, mesmo entre sombras de negatividades, há luzes brilhando no fim do túnel.

Regina da Luz Vieira (Regiluzvieira)


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Povos Indígenas

Já se passaram mais de 500 anos de nossa descoberta e ainda hoje os povos indígenas que restam no território brasileiro continuam ameaçados de extinção. Mesmo seus direitos sendo contemplados na Constituição Federal as brechas nas Leis permitem que os direitos indígenas sejam violados ou ameaçados, principalmente, no tocante as terras que sempre couberam a eles por direito.
Um exemplo disto é a situação vivenciada e denunciada pelo Jornalismo do Envolverde no Pará e ainda bem que órgãos governamentais, mas sobretudo o Ministério Público tem buscado atuar de forma a defender esta população sempre tão ultrajada no território brasileiro.
 
 
 
 
Abaixo apresentamos trechos do artigo publicado  no Boletim on-line do Envolverde:
 
 
 
Por Joana Zanotto, para a Agência Pública
(...)  Submetidos a trabalho escravo na ditadura, os Parketêjê venceram luta por autonomia e agora travam batalha com contra duplicação de ferrovia da mineradora
 
(...) As obras em terras indígenas são submetidas à legislação específica, e por isso a LI 895/2012, concedida pelo Ibama para a duplicação, não contemplava os trechos em que a ferrovia atravessa o território Mãe Carú, no Maranhão, e o Mãe Maria. Exige-se antes a aprovação do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima ) e do Estudo de Componente Indígena pelas comunidades atingidas, em um processo intermediado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A partir desse ponto, é elaborado o Plano Básico Ambiental, em conjunto aos indígenas, com a especificação das ações mitigatórias de redução de impacto, condição para que a licença seja retificada e as obras em trechos condicionados, liberada.
A LI 895/2012 foi retificada duas vezes. Na última, datada de 4 de dezembro (confira o documento na íntegra), os trabalhos em Mãe Carú foram autorizados. O Ministério Público Federal do Maranhão tenta sua anulação. Já em Mãe Maria, ainda se espera a manifestação definitiva da Funai.
No início deste ano as desavenças aumentaram. A companhia rescindiu o Convênio nº 0333/90 firmado entre os Parkatêjê e a mineradora – na época, estatal CVRD – em 1990 e estendido aos demais povos Gavião à medida que estes se dividiam em novas aldeias, em busca de autonomia. O convênio, de prazo indeterminado, garantia aos indígenas assistência à saúde, educação, fomento a atividades produtivas, vigilância e proteção territorial. Para cumprir suas obrigações, eram acordados termos de compromisso, com tempo de vigência estipulado, estabelecendo-se o valor dos repasses financeiros, renovados geralmente a cada cinco anos. A assistência à saúde era garantida pelo Plano de Assistência à Saúde do Aposentado da Vale (Pasa).
Com a expiração dos termos de compromisso prevista para janeiro, desde novembro passado a Vale S.A. passou a negociar com os Gavião a assinatura de novos termos. Numa reunião no dia 25 de fevereiro entre as comunidades e a empresa, intermediada por assessoria jurídica dos indígenas, a posição da mineradora foi manter os repasses de custeio mensais ajustados pelo IPCA, sem aporte financeiro para demais projetos.
Insatisfeitos, os Parkatêjê e os Akrãkaprêkti ocuparam o leito da ferrovia como protesto. O advogado Anderson Costa Martinez, da assessoria jurídica do povo Parkatêjê, diz que não houve fechamento da estrada, apenas uma movimentação dos indígenas. Não é a primeira vez que manifestações desse tipo ocorrem; em 2003, a ação dos indígenas chegou a ser reprimida com violência por tropas da Polícia Federal.
A resposta da Vale S.A.: benefícios suspensos
Como resposta, a Vale S.A. rescindiu o convênio e interrompeu o pagamento do termo de compromisso, expirado em janeiro, além de cancelar a assistência de saúde. Segundo Luana Andrade, a empresa não tem obrigação legal de manter o convênio, e a atitude dos indígenas fez com que os denunciasse por “justa causa”, porquanto o fechamento da estrada envolve “questão de segurança operacional com pessoas na faixa”. “Uma locomotiva não freia de uma hora pra outra”, diz a gerente da Vale.
A procuradora da República Andrea Costa de Brito discorda da posição da companhia. Segundo ela, “os acordos firmados com a Vale S.A., ao contrário do que a empresa sustenta, no sentido de que seria mera liberalidade, decorre de previsão contida no artigo 231, §3º da CF-88. Pode-se afirmar que a nova Constituição de 1988 tornou verdadeira obrigação, portanto, imposição. Risco de parar de efetuar repasses sempre há, mas, certamente, caso a exploração das terras persista, iria flagrantemente contra a lei.”
O Ministério Público Federal deu início a uma ação civil pública, requerendo no início de março que a Vale S.A. fosse “imediatamente compelida a sustar toda e qualquer determinação de suspensão do atendimento aos indígenas às empresas prestadoras de serviço, restabelecendo-se imediatamente o plano de saúde dos indígenas Gavião, devendo, também, ser impedida de proceder a novas suspensões”. Na ação afirma-se que a “situação não configura justa causa para a rescisão do convênio, o qual, frise-se, não se consubstancia em mera liberalidade por parte da requerida, mas se trata, sim, de obrigações assumidas em contrapartida à concessão de direito real de uso da Terra Indígena Mãe Maria”.
 
(Por 12/06/2015)
 

Ancião corta tora no meio da mata na preparação para a corrida de tora.
Foto: Pedro Aguiar Stropasolas

domingo, 17 de maio de 2015

Dia Mundial das Comunicações

Hoje comemora-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Parabéns aos comunicadores, mas será que realmente há comunicação? Ou apenas somos bombardeados por informações as mais variadas e em diversos meios, sobretudo, os meios de comunicação digitais?
 
Comunicação significa comum-união, comunhão, mas para que esta exista é preciso saber falar e saber ouvir. Gerar diálogo; entretanto, muitas vezes, a Comunicação torna-se uma via de mão única, na qual só o emissor expõe determinada visão enquanto o  receptor não se manifesta.
 
É importante lembrar que existem canais para que o receptor e manifeste, ainda que seja de modo filtrado, entre os quais  carta ao editor; ouvidorias, ombudsman. Mas será que lembramos  disso e utilizamos de fato estes canais? Há ainda e-mails, facebook, caminhos para pelo menos tentar abrir o diálogo, a comunicação de fato.
 
Se observarmos a natureza perceberemos que toda ela é comunicação tanto entre si quanto conosco.  Dia, noite, sol, chuva, flores, florestas, montanhas, rios, lagos, oceanos, praias tudo se comunica e se interliga; enfim, céu, terra, nuvens, ventos são comunicações diárias. Mas percebemos isso? Ou sequer  pensamos que seja possível essa comunicação silenciosa, porém, viva e constante.

Reflitamos neste Dia Mundial das Comunicações sobre como praticar o diálogo através dos Meios de Comunicação, mas não só. Seja esta data uma oportunidade para que busquemos também a comunicação interpessoal de modo dialógico.
 
 
 Regina da Luz Vieira (Regiluzvieira)
 

 

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Páscoa

Ressurreição, Vida Nova, festa. Este é o momento central da nossa fé cristã católica.
 
Para que se torne vida em nós, precisamos passar pela dor, pela cruz, morte e finalmente a Ressurreição, assim como Jesus. No entanto, muitas vezes queremos só a Ressurreição e isto torna a cruz pesada e sem sentido.
 
Morte e Ressurreição são parte de uma mesma Vida e, neste aspecto, a Páscoa é o momento litúrgico que dá todo o sentido da nossa vida humana aqui neste mundo e a todas as nossas  dores.
 
Assim, que nesta Páscoa a Presença do Ressuscitado seja uma constante na vida de cada cristão,  ajudando-nos  na construção de um mundo melhor para todos.
 
Regina da Luz Vieira (Regiluzvieira)
 

O Banquete e sua relação com o Tarot

Já na Introdução do livro Diálogos, o item IX, que trata do Amor Filosófico: O Fédro, O Banquete, O Fédon, destaca-se o fato de haver um só amor , que é exaltado,  ou melhor, consagrado, em O Banquete. Nessa mesma Introdução, a alma é comparada a “um carro dirigido por um cocheiro (o intelecto) e puxado por dois corcéis alados, um dócil (a coragem) e o outro rebelde (a concuspicência)”. A colocação nos remete a carta n 7 do tarot, cuja imagem é um carro (ou uma charrete, no tarot de Marselha) conduzido por um homem que puxa dois animais (estes, aparentemente, buscando direções opostas).

De acordo com o texto do tarot, esta carta tem como significado básico o domínio, representando ainda a segurança, a vitória certa, a habilidade, as mudanças, bem como a retidão de caráter, o predomínio da inteligência e do tato.  No plano amoroso representa o bom rumo do relacionamento, a conquista da pessoa desejada. O texto destaca ainda que o condutor do carro possui a firmeza necessária para guiar seu próprio destino, subjulgando as controvérsias representadas pelos animais que impulsionam o veículo. Voltando ao texto O Banquete, podemos relacionar a carta e seu significado ao seguinte trecho: “o que ama é, de certa maneira, mais divino que o objeto amado, pois possui em si divindade; é possuído por um deus.”

O mesmo texto diz ainda que “de todos os deuses, o Amor é o mais antigo, o mais augusto de todos, o mais capaz de tornar o homem virtuoso e feliz durante a vida e após a morte.” Destaca também que por amor tudo se faz e tudo se perdoa, não sendo, portanto, desonra qualquer falha nessa área; há. uma relação direta entre amor e boas ações nesse texto. A carta 7 do tarot pode ser considerada um símbolo destas colocações, no conjunto de imagens que a constitui. O Banquete fala ainda dos dois Eros, um ligado ao amor carnal/sexual  e, o outro vinculado ao amor divino; diz também que na natureza ora reina um tipo de amor, ora outro. Mais uma vez estas afirmações nos remetem à carta do Carro e, mais particularmente, aos animais que conduzem o veículo e cujas caras são respectivamente serena e sisuda  (bem e mal).

Outro arcano do tarot que pode ser vinculado ao texto é o 6 - Os Enamorados - cujo significado básico é a indecisão e, ao mesmo tempo, a escolha consciente.  A carta, com o cupido apontando sua flecha para a mulher mais nova ( à direita de quem vê a carta de frente), em detrimento da mais velha, que está  à esquerda, representa a divisão ou a indecisão do rapaz que está no centro do tarot. Essa carta simboliza as paixões ardentes e desestruturantes e, também, representa o afeto verdadeiro, conforme a combinação com as outras cartas. Podemos comparar o arcano 6 aos dois Eros ou ainda à virtude e ao vício; O Banquete mostra que “é perfeitamente honroso entregar-se em nome da virtude.

Este é o Eros de Afrodite celeste. É celeste, e extraordinariamente benéfico tanto para os indivíduos como para o próprio Estado, pois impele ao mesmo tempo amante e amado a procurarem incansavelmente a virtude e a sabedoria. Todos  os outros amores nascem da outra deusa, da  Afrodite popular.” Tal comparação vincula-se ao fato de ser a carta 6 do taro interpretada também, como a dúvida entre o vício e a virtude; o amor do Eros de Afrodite celeste e o Eros da Afrodite popular.

O texto O Banquete nos remete para a harmonia como concordância, sinfonia, resultante de elementos opostos entre os quais estabelece o acordo e afirma que “a música  é a ciência do amor, relativamente à harmonia e ao ritmo.” Ao falar sobre o equilíbrio, através do respeito aos dois Eros que se encontram no âmago das coisas, mais uma vez o Banquete nos remete para o tarot, através da carta l4 - A temperança - cujo significado básico é a moderação, sendo a representação feita por um anjo que sintetiza os princípios masculino e feminino com sua aparência andrógena e,  o líquido que este anjo verte de um vaso para outro, simboliza o equilíbrio entre esses dois princípios. Representa ainda  a continuidade da vida, o amor sem paixão, motivado por uma sólida amizade; a conciliação por excelência. Portanto, é necessário conviver com os dois Eros para encontrar o ponto de equilíbrio; a harmonia entre os opostos.

 Uma pequena conclusão

 A partir da analogia feita é possível afirmar que as cartas do tarot se baseiam nos mitos de Platão, particularmente, no que se refere ao Amor, tanto carnal como espiritual. No entanto, o simbolismo presente em cada um dos 22 arcanos maiores remete para a mitologia grega no seu conjunto. Assim, a carta do Louco (que pode ser 22 ou 0 ) ,com sua mochila e roupas coloridas, seguindo seu impulso inicial, relaciona-se com o deus Dionízio, que é o esplendor primaveril em sua magnificência. Seguindo em direção ao futuro, sem se importar com os riscos, O Louco, é o símbolo da juventude, do impulso; no amor tanto pode representar um sentimento amadurecido, como uma paixão desenfreada.

De acordo ainda com a mitologia grega existem deuses e deusas e esse simbolismo está presente nas cartas do tarot. Assim, a Papisa  (que simboliza a intuição e o princípio feminino do amor maternal e individual) está diretamente relacionada à deusa Deméter, cuja filha foi raptada por amor. As roupas da Papisa nos remetem para a vestimenta dessa deus, com véu azul e manto vermelho; ela é também o símbolo da sabedoria divina, no tarot.

Já a Imperatriz, carta 3 do tarot (que simboliza o intelecto e a razão) vincula-se à Perséfone, filha da deusa Deméter que, junto com o esposo, governava as profundezas da terra. Há ainda a deusa da Justiça, Atenas. No tarot, esta é a carta 8, representada por uma mulher com uma espada , uma balança, mas sem venda nos olhos, lembrando assim, que a Justiça divina não é cega. Enfim, cada uma das cartas do tarot, em sua concepção simbólica se baseia no mundo mitológico, onde deuses e deusas têm resquícios humanos, ou pelo menos, suas virtudes e vícios não se opõem, mas coexistem.
 
Regina da Luz Vieira (Regiluzvieira)

 
Bibliografia

 
GALVES, Heloísa / AZEVEDO, Regina. Tarô Mágico Alemdalenda, Alemdalenda   Bonecos e Associados, SP, 1992.

PALEIKAT, Jorge (tradutor). Platão, Diálogos, Ediouro, RJ, 1985.
 
Regina Maria da Luz Vieira (Regiluzvieira)

domingo, 8 de março de 2015

Uma escola Surreal

Imaginem uma escola onde as paredes não são grafitadas ou cheia de riscos, onde alunos não gritam e nem correm pelos corredores, pois dispõem de uma imensa área verde ao redor para gastarem o excesso de energia.
 
Já imaginaram? Pois ainda há mais. Pensem numa escola cercada por um bosque com animais silvestres, uma nascente  e sem poluição sonora, pois não precisa de sinal para indicar mudança de horário, nem mesmo entrada ou saída dos estudantes.
 
Isso é apenas sonho? Não esta escola existe. É real, ou melhor, surreal. Trata-se do centro educacional Aurora, na cidade de Vargem Grande Paulista, há uma hora da capital.
 
Chega-se lá através de uma estrada sinuosa, asfaltada e cercada por muito verde. Tem-se a impressão de estar num outro país ou em outro mundo. Logo que se entra no pátio interno onde estão outros carros verifica-se que é uma área ampla e se pode respirar ar puro.
 
 
Ao percorrer as diversas áreas internas percebe-se  que a iluminação natural abrange a maior parte; os corredores são amplos. As salas de aula não têm mais do que 25 alunos nas etapas diversificadas desde a pré-escola ao Ensino Médio, distribuídos em dois turnos (os menores estudam a tarde).
 
Na sala dos professores, em geral, estes estão com ar tranquilo, sem reclamar da própria jornada ou das dificuldades com os alunos. Também os funcionários trabalham de modo tranquilo; suas fisionomias estão serenas. Isto não significa a inexistência de problemas pessoais ou dificuldades profissionais, mas indica um clima de respeito, tolerância e partilha na convivência diária em que todos se esforçam para ir além do relacionamento estritamente oficial conforme exige o trabalho.
 
Sente-se no ar que aquele estabelecimento de ensino não é apenas um mero depositário de alunos e professores, mas todos formaram uma grande comunidade, na qual a diretora  e seus funcionários e professores têm sempre ás portas abertas uns para com os outros. Este clima se reflete até mesmo nos banheiros femininos e masculinos onde não se vê papel no chão, ou espelhos quebrados, paredes destruídas. Pelo contrário o ambiente limpo, branco e muito organizado também ali se faz presente.
 
Enfim, uma escola no século XXI capaz de transmitir valores profundos até mesmo nas suas paredes. É de fato uma experiência real, inusitada e quase surreal, mas capaz de nos fazer acreditar que existe de fato um novo amanhã e não é preciso ter medo, pois o futuro poderá ser melhor do que se supõe. 
 
Regina da Luz Vieira (Regiluzvieira)