segunda-feira, 23 de julho de 2012

Novamente a Saúde

Não é novidade dizer que o sistema público de saúde no país deixa a desejar e que hospitais públicos estaduais, municipais são fechados para transformarem-se em outros tipos de unidades de saúde para tratamentos específicos. Mas quantos hospitais-clínicas particulares sofreram essa transformação?
Creio que, uma ou outra, se é que isso aconteceu em algum momento (não quero ser categórica, pois não possuo esses dados em mãos). Quantas clínicas e hospitais particulares são de fato fiscalizados? Sim, porque se, realmente, ocorresse uma fiscalização em profundidade, creio que algumas dessas unidades  fechariam ou seriam interditadas até que o quadro se transformasse positivamente; inclusive no Estado do Rio de Janeiro, onde há poucos dias foi anunciada a desativação de um dos mais antigos hospitais para servidores públicos e cujos pacientes já estão sendop removidos para outras unidades.
Vocês já imaginaram uma UTI com 40 leitos? Isso existe, e não é em hospital público, mas em um hospital-clínica particular onde há anos uma mesma bactéria causa infecção e morte de pessoas que ali chegam para um atendimento emergencial e saem num saco preto com causa morte por infecção generalizada. Será que nunca houve denúncia sobre isso? Dúvido, mas....É uma uma instituição particular, que recebe pacientes conveniados não tanto do SUS, mas de planos de saúde caríssimos...
Escrevo sobre isso não apenas para fazer críticas, e sim porque penso em justiça e melhores condições de saúde para todos os níveis da população. Afinal, nossa Constituição, Seção II, Art. 196 afirma que: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação". Já o Art.197 diz: "São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado".
Imagino que esses dois artigos já nos bastam para mostrar o quanto este é um setor de crucial importância; admito que muito esforço tem sido despendido para melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. Porém, também considero que é urgente e premente a necessidade de maior fiscalização e atitudes severas às unidades particulares da saúde, a fim de minimizar os mandos e desmandos que nelas ocorrem, deixando muitas vezes aqueles que ali estão com seus entes queridos à mercê da boa vontade e consciência de alguns...
Acredito, porém, que aos poucos algumas situações estão se transformando para melhor, sobretudo quando há uma Pastoral da Saúde atuante e que busca humanizar os atendimentos na rede pública e privada. Sem contar que há profissionais empenhados num atendimento digno para todos e que em seus consultórios de postos de saúdes do SUS agem da melhor maneira possível para atender a demanda e até se desdobram fazendo o que não é da própria alçada, a fim de que o paciente sem recurso seja levado para uma unidade onde receba a devida assistência, no caso de uma internação. Diante disso, vislumbro uma nova luz para uma área tão problemática.
Regina Maria da Luz Vieira (Regiluz)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma luz no fim do túnel

A conclusão da Rio+20 trouxe alguns avanços. Uma luz no fim do túnel, no entanto, sabemos que as informações mais "ligth", ou melhor, não tão favoráveis ao status quo são divulgadas sem muita ênfase. Diante disso, decidi trazer para estas páginas a análise feita por um dos membros da Economia de Comunhão (EdC) sobre uma das decisões que mais geraram polêmicas neste evento que durante quase um mês envolveu toda a cidade do Rio de Janeiro. O texto, a seguir, está na íntegra.

Regina Maria da Luz Vieira (Regiluz)

Novo índice da ONU aprovado na Rio + 20

Muito foi falado sobre o fracasso da Rio + 20, mas isso não é totalmente verdade. Embora tenham sido pequenos os passos avante dados pela comunidade das nações na busca por um crescimento sustentável, principalmente por motivo da atual crise econômica, foram colocadas as bases para uma contínua discussão e aprimoramento do controle de toda a sociedade sobre a ação dos governos.
Por exemplo, uma das principais conclusões da Rio + 20 foi a aprovação de um novo índice para se medir a riqueza/pobreza de um país. Trata-se do IRI - Índice de Riqueza Inclusiva, o qual muito ouviremos falar  daqui para frente, e que veio para substituir o PIB - Produto Interno Bruto e o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Estes dois índices são muito criticados por não trazerem medidas adequadas quanto ao desenvolvimento de um país no tempo.
O IRI foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas (UNU-IHDP, na sigla em inglês). É muito diferente do que se conhece e seus resultados também: uma de suas medidas é o progresso que cada país faz em direção à melhoria, seja em preparo da população como em riquezas econômicas e naturais. Por isso, seu ranking é bem diferente do que se espera.
Por exemplo, a China, um dos países maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa, foi o país que mais se desenvolveu de forma sustentável no planeta, de acordo com o novo ranking, entre os anos 1990 e 2008 (anos base para a primeira relação de IRIS).
Foram estudados 20 países: os mais ricos (exceto a Itália), os BRICS (Brasil,  Rússia, Índia, China e África do Sul) e outros (Colômbia, Venezuela, Chile, Equador, Quênia, Nigéria e Arábia Saudita). Representam 56% da população mundial e 72% da riqueza do mundo baseada no PIB.
De acordo com a medição, a maioria dos países estudados está acabando com seus recursos naturais. Em outras palavras, esta geração não está conseguindo crescer e legar às gerações futuras uma riqueza razoável. Ou, ainda, as políticas públicas da maioria dos países pesquisados não são sustentáveis no tempo.
Quanto ao Brasil, está numa situação intermediária. Mesmo ficando em quinto lugar entre os 20 países pesquisados, seu IRI só foi positivo por causa dos investimentos em educação e formação de sua população (foi o país que mais conseguiu valorizar seu capital humano no período 1990-2008). Houve uma sensível perda na área de florestas, com expansão de 10% das terras agriculturáveis, seja para finalidades pecuárias como agrícolas, e uma diminuição na sua produção industrial.
O ranking 2012 é: 1º) China, com um IRI de 2,1; 2º) Alemanha, 1,8; 3º) França, 1,4; 4º) Chile, 1,2; 5º) Brasil, Índia, Japão e Reino Unido, 0,9; 9º) Noruega e Estados Unidos 0,7; 11º) Canadá e Equador, 0,4; 13º) Austrália e Quênia, 0,1; 15º) Colômbia e África do Sul, - 0,1; 17º) Rússia e Venezuela, - 0,3; 19º) Arábia Saudita, - 1,1; 20º) Nigéria, - 0,8.
Entre todos os países analisados, apenas o Japão aumentou o seu "capital natural", devido ao aumento da sua área florestal. Para notarmos as diferenças entre o PIB e IDH em comparação ao IRI basta sabermos que cinco dos 20 países (Arábia Saudita, Colômbia, Nigéria, Rússia e Venezuela) tiveram PIB e IDH positivo no período 1990-2008, porém, apresentaram IRI negativos.

Luiz Colella