terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Persistência e Adversidade para atingir a meta

A persistência para atingir a meta  levou um atleta brasileiro nas Olimpíadas de 1932 a exaustão em todos os aspectos, sobretudo, física. O catarinense Adalberto Cardoso, além de superar inúmeras adversidades, inclusive a inadequação alimentar durante uma longa viagem de navio até Los Angeles, a fim de participar da corrida olímpica daquele período.Sua persistência demonstrou todo o espírito e o significado real que é a base das Olimpíadas.
Sua grande aventura intercontinental levou o franzino atleta  a fazer o longo percurso da corrida, caindo por três vezes na pista, antes de atingir a linha de chegada e quando já não havia mais nenhum corredor. Seu feito foi comentado de forma emocionada pelos jornalistas que "cobriam" o evento. Por sua exaustão e tenacidade recebeu o apelido de "homem de ferro", impulsionado pelo lema "o importante não é competir, é chegar", do Barão Pierre de Coubertein, historiador e pedagogo francês que restabeleceu os Jogos Olímpicos na era Moderna. 
Adalberto Cardoso recebeu a medalha honorífica  do Coliseu de Los Angeles, porém, poucos sabem disso. É uma história esquecida, mas que foi relembrada e contada pela TV Brasil para celebrar a memória de um atleta da Marinha Mercante em 11 de janeiro deste ano no episódio "1932 - A medalha esquecida do atletismo brasileiro".

Regina  Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)



sábado, 7 de janeiro de 2017

Turismo Urbano - Desvelar a cidade para além do olhar cotidiano

Conhecer a cidade a partir do sightseeing é empolgante como uma aventura na selva, porém, trata-se de uma selva de pedra onde o concreto e o asfalto ganham novos contornos, nova roupagem. Lugares comuns vão se desvelando a olhos nus como algo nunca visto ou não percebido.
Um mundo de cores e formas que ganha vida como o inesperado brilho do sol por entre as nuvens, num dia que começou cinzento, anunciando chuvas torrenciais. Mas ao passar das horas, transforma-se numa manhã quente, quase escaldante de mais um dia de verão numa grande metrópole como São Paulo. Entretanto, este dia é diferente dos demais vividos, até então .
Tornar-se um turista que quer conhecer a vida na Sampa, que pulsa 24h sobre 24h, para quem é apenas um morador que vive a correria de mais um dia de trabalho e estudo é de fato viver uma experiência nova, começando o ano de uma maneira também nova. Sem dúvida, a carga simbólica do novo é pungente, ultrapassando o conhecimento cotidiano de 20 anos residindo nesta megalópole.
Concreto e asfalto reúnem sonho, beleza, vida iluminada pela arte. Uma arte produzida outrora por aqueles que aqui chegaram, ficaram e fizeram História como o patriarca da família Matarazzo; ele aportou na cidade de São Paulo como mascate e construiu seu império de sangue, suor e lágrimas. Sangue, suor e lágrimas também de seres humanos que, muitas vezes, foram despojados  da própria condição humana, mas que trouxeram grandes mudanças para esta megalópole. 


Sair da comodidade e viver novas experiências, passando de morador a turista, certamente, transforma lugares considerados comuns em pontos turísticos que realmente são. É o caso da Avenida Paulista, do Viaduto do Chá, da Estação da Luz onde estão o Museu da Língua Portuguesa (infelizmente desativado em função do incêndio ocorrido no ano passado, mas que consta no site turístico da cidade como em funcionamento) e a Pinacoteca, reunindo as mais variadas formas e conteúdos artísticos desde objetos concretos à própria arte digital. 
Além do Parque do Ibirapuera com suas inúmeras atrações tanto para o lazer como para a cultura; assim como o marco zero da cidade: o Páteo do Colégio com suas construções restauradas e a própria Catedral da Sé que atraem pela beleza, mas também por serem um triste cartão postal da miséria que infelizmente circunda a cidade e o próprio país.
Enfim, é um mergulhar na história cultural de uma megalópole que sempre surpreende quando se abre ao novo-velho e sempre conhecido pelo olhar cotidiano; capaz de transformar simples passeios em algo surpreendente, contribuindo para ampliar o conhecimento pessoal e coletivo, contribuindo na apreciação das pequenas coisas.

Regina Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)


Foto 1: Yasmim Maciel Vieira

 Fotos 2 e 3: Google



sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.




(Discurso de primavera e algumas sombras. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979, p. 115)


Link da foto:
https://www.google.com.br/search?q=fotos+carlos+drummond+de+andrade&espv=2&biw=1680&bih=920&tbm=isch&imgil=5HDvM-UTBifpdM%253A%253Bv3x1DQ1SE7nVmM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.revistabula.com%25252F391-os-dez-melhores-poemas-de-carlos-drummond-de-andrade%25252F&source=iu&pf=m&fir=5HDvM-UTBifpdM%253A%252Cv3x1DQ1SE7nVmM%252C_&usg=__w3_T3uecWSRPwC092vg2yYdzzoA%3D&ved=0ahUKEwiO27uo0a7RAhXJgpAKHUpjDBUQyjcIOQ&ei=MiNwWI76FMmFwgTKxrGoAQ#imgrc=5HDvM-UTBifpdM%3A