segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Dia D, de Drummond

Hoje, se meu poeta favorito estivesse vivo, completaria 109 anos e uma justa homenagem do Brasil e de Portugal: instituíram em seu calendários culturais a data de 31de outubro como o Dia D, de Drummond, o qual inclui as mais variadas formas de homenagem ao poeta brasileiro mais querido.
Uma sugestão dada oficialmente: ler algum poema de Carlos Drummond de Andrade para alguma pessoa querida neste dia.

Regiluzvieira


    Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
 
Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond
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Dignidade e Solidariedade

Ao ler a coluna do Gilberto Dimenstein no domingo no jornal folha de São Paulo fiquei estarrecida e concordo plenamente com ele, pois creio que os comentários jocosos sobre a doença do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva demonstram não apenas falta de respeito, mas sobretudo, a inexistência de solidariedade para com o sofrimento de um ser humano que tentou acertar em muitos aspectos, ainda que tenha decepcionado por não combater a corrupção.
 O câncer em si já é uma doença difícil de ser aceita por todo o estigma que carrega, incluindo a perspectiva de sobrevida para o enfermo e a própria dor dos familiares, bem como daqueles que convivem mais proximamente com o doente. Diante disso penso que o mínimo a ser feito é solidarizar-se com quem vivencia esse momento tão difícil.
Tolerância e humildade deveriam constar como conceitos na vida de cada um de nós. A primeira para que saibamos aceitar as limitações do outro e isso não significa concordar com atitudes errôneas e inadequadas, mas sim termos consciência de que todos nós como criaturas somos limitados. Isto implica também na humildade em acolher cada pessoa como ela é, e se possível, contribuir para o seu crescimento como ser humano; implica em ver o outro como alguém potencialmente capaz e digno der ser considerado conforme a regra de ouro que diz: “não façais ao outro o que não quereis que seja feito a você”. 
Na medida em que assimilamos essa regra ou esse ensinamento, teremos condições de  superar as frustrações e decepções provocadas pelos nossos semelhantes e, ao mesmo tempo, nos colocarmos no lugar de quem sofre, e elevar o pensamento para desejar que o outro tenha condições interna e externa de enfrentar um momento de dor tão profunda como é a descoberta de estar com uma doença quase incurável como o câncer.
Regiluzvieira