sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A fuga, o caos e o feriado

Ao contrário de muitas manhãs na metrópole paulista, o dia começou ensolarado com um céu de brigadeiro: muito azul e sem qualquer nuvem que indicasse uma possível mudança climática. Trata-se de uma sexta-feira perfeita para iniciar o fim de semana, se não fossem as malas, mochilas e todo tipo de bolsa de viagem circulando com seus donos nos diversos pontos da cidade.
O excesso de carro nas ruas e nas avenidas completa o típico cenário que antecede o feriado em uma megalópole, mesmo incluindo um 2º turno eleitoral para escolher quem ocupará a cadeira de presidente no Executivo Federal. Desde cedo a fuga dos habitantes instala o caos nas principais rodovias e na maior delas – a via Dutra – um acidente com derramamento de óleo na pista no sentido Rio de Janeiro transforma o passeio num imenso pesadelo.
De fato, viajar, descansar, curtir o feriado é ótimo, mas quando se trata da maior cidade do país, deixa de ser algo prazeroso para ser o “inferno de Dante”, pois todos têm a mesma ideia: deixar São Paulo dos engarrafamentos fenomenais e esquecer o tormento diário. Esse pensamento coletivo, porém, gera um novo caos: todas as saídas se congestionam tanto na ida como na volta para o mundo real. Nas rodoviárias e aeroportos se registram atrasos de horas nos embarques e saídas de ônibus e aviões.
Pela quantidade de veículos e de seres humanos das mais variadas idades, todos com os seus respectivos pertences de viagem, o apelo governamental para que se cumpra a obrigatoriedade do voto, lançado pelos atuais governantes, dirigiu-se a ouvidos moucos que ignoraram tal solicitação. A tudo assisto de camarote, já que decidi permanecer na cidade e justificar minha ausência nesta eleição. Meu título não pertence a qualquer uma das zonas desta terra da garoa, que há muito nem sabe o que é isso, graças as mudanças climáticas.
Estou em festa, pois desta vez, tenho um bom motivo para evitar as urnas: nenhum candidato merece meu voto de confiança e, neste caso, prefiro ser fiel aos meus valores e sem drama de consciência. Além disso, posso desfrutar da tranquilidade da metrópole e do que ela oferece de melhor não apenas em lazer, mas também em serviços de utilidade pública sem a necessidade de disputar um lugar ao sol, ou melhor, entre empurrões e mau humor para, por exemplo, almoçar no shopping.
Livre de filas em farmácias e padarias, posso vivenciar o famigerado paraíso que todos buscam ao deixar para trás uma cidade caótica em seu cotidiano. Portanto, o lucro é muito maior para quem não se rende à tentação de viajar pensando no tão ansioso descanso. É uma grande ironia!!!

                                                             Regina da Luz Vieira (Regiluz)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Momentos especiais num sábado comum

Telefonar ou não? Retomar um contato que já distava cinco anos? E como fazê-lo sem que soasse como algo interesseiro, já que também pensava em fazer um convite para visitarmos uma pessoa que morava distante? Foram cinco intermináveis minutos até uma tomada de decisão.
Venceu o sentimento de saudosismo e o desejo de rever a amiga com quem estudara, pesquisara e trabalharanos mais variados momentos entre os cursos de Mestrado e Doutorado (ambos em diferentes universidades). Valeu a pena o telefonema, pois a percepção da alegria, da surpresa e do carinho que transpareciam na voz do outro lado da linha, ratificava a mistura de emoções e a certeza de que a amizade ainda existia.
Não bastava apenas a conversa por telefone, o que se confirmou ao reencontrar àquela baixinha, magrinha, mas cuja capacidade intelectual e cuja habilidade se confirmavam nos mais variados momentos; também ao vê-la dirigir segura e serena – ao longo dos seus quase 70 anos – por ruas desconhecidas à medida que nos afastávamos dos lugares corriqueiros. O carro prata deslizava nos diferentes pontos de São Paulo, enquanto a conversa girava em torno dos mais diversos assuntos.
Uma parada estratégica para confirmar o caminho e a viagem prosseguiu até a casa de uma conhecida que há tempo não víamos. Foi um encontro memorável e, assim, numa tarde de um sábado cinzento e frio, transbordou calor humano, fazendo com que um sol pessoal aquecesse aquelas poucas horas juntas, incluindo o tempo de espera por mais um amigo comum entre todas.
No retorno, uma nova parada para um lanche que demonstrasse o caráter festivo paulistano: comer pizza e tomar refrigerante. Assim, um sábado comum concluiu-se numa confraternização, comprovando que o tempo e a distância não são capazes de desfazer a alegria, a satisfação e o carinho ao reencontrar velhos amigos ou amigas.

Regina da Luz Vieira (Regiluz)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma aventura real

Tudo começou com um exercício na aula de estágio em Redação e Edição no laboratório universitário. Cada estudante deveria elaborar uma pauta a ser feita, porém, tínhamos a liberdade não apenas de escolher o tema, mas também a editoria e escolhi Jornalismo Literário. Imaginei uma entrevista com meu autor predileto: Carlos Drummond de Andrade. Então, entreguei ao professor. Após ler e selecionar quais entrariam naquele número, ele disse que caberia aos escolhidos fazerem a matéria sugerida.
Passado o pânico, comecei a imaginar como cumpriria a pauta que eu mesma defini. Afinal, era o ano de 1981 e ainda não dispúnhamos de Internet; mas o telefone era um meio eficiente, assim como os correios. Então, telefonei e enviei um telegrama ao autor que, alguns dias antes, afirmou em um jornal que não gostava de ser entrevistado por estudantes porque só perguntavam o óbvio.
Mesmo diante dessa afirmação, não desisti da proposta e decidi encaminhar-lhe minha proposta de pauta. Qual não foi minha surpresa, quando uma semana depois recebi um lacônico telegrama de sua filha e secretária, Maria Julieta, de que seria recebida pelo autor, às 10h, no dia 15 de agosto de 1981. 
Era uma manhã muito quente, embora ainda fosse inverno no Rio de Janeiro. Cheguei ao seu apartamento, em Copacabana e um misto de respeito, temor, surpresa e felicidade tomou conta do meu ser: era uma aventura real. Nos primeiros momentos sequer sabia o que dizer e para minha surpresa ele quebrou o gelo com um cafezinho (na época, nem gostava de café). Então, o escritor disse que havia aberto uma exceção porque ao ler a pauta percebeu que a estudante não perguntava o óbvio e, no mínimo, tinha conhecimento de causa.
Senti-me honrada e confiante, pois afinal, foi o jornalista Carlos Drummond de Andrade que sempre me fascinou, desde a adolescência, por meio da leitura obrigatória nas aulas de Língua Portuguesa, de suas crônicas e textos opinativos publicados semanalmente no Jornal do Brasil. Leituras que embalaram o sonho de ser uma jornalista profissional e, ao mesmo tempo, formaram a base para minha visão crítica de mundo. Sua prosa sempre foi tão intensa, marcante e profunda como sua poesia, mas também muito realista para alguém que começava a desvelar o mundo adulto.
Não recordo como terminou a entrevista, mas sei que durou mais do que imaginava e, ao deixar aquele prédio sentia-me a pessoa mais agraciada do mundo porque cumpri a pauta no prazo estabelecido, conheci o escritor e jornalista dos meus sonhos. Parecia viver um conto de fadas e, logicamente, escrevi de um só fôlego o texto para o jornal da Faculdade e também as minhas impressões em um de meus diários de adolescentes. Naquele dia tive a absoluta certeza de que havia escolhido a profissão certa e saberia ser uma profissional do Jornalismo fossem quais fossem as circunstâncias.
Aquele homem magro, calvo e com os óculos parecidos com os meus mostrou-me que o Jornalismo era fascinante, mas para tê-lo como profissão seria importante a persistência e a convicção de que valia a pena não desistir no meio do caminho, mantendo a ética e a dignidade, “mesmo se no meio do caminho havia uma pedra..”, como escreveu o próprio Drummond.
Além da carreira como servidor público, Drummond foi, sobretudo, um escritor e um jornalista além de seu tempo, atuando em diversos jornais consagrados como Diário de Minas, Jornal do Brasil (para o qual escreveu durante mais de duas décadas) e revistas especializadas ou não.
A riqueza de seus textos fascina crianças e jovens que têm hoje na Internet seu principal veículo de comunicação. Aliás, este mais novo veículo tem diversos sites sobre a vida e as obras do escritor, capazes de permitir a seus frequentadores conhecerem e navegarem no mundo drummondiano por horas a fio.
Portanto, a escolha do tema de abertura do blog se justifica não só do ponto de vista jornalístico, mas também por sua atualidade e minha proximidade com o escritor, favorecendo um maior deleite com sua obra. Para mim na área do jornalismo literário nada é mais apropriado, pois me permite não só estender um momento passado, mas atualizar meu tempo presente.

Regina da Luz Vieira (Regiluz)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Recomeçar

"Não importa onde você parou em que momento da vida você cansou o que importa é que sempre é possível e  necessário "Recomeçar". 
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo é renovar as esperanças na vida e o mais importante acreditar em você de novo. 
Sofreu muito nesse período?  foi aprendizado ... 
Chorou muito?  foi limpeza da alma ... 
Ficou com raiva das pessoas?  foi para perdoá-las um dia ... 
Sentiu-se só por diversas vezes?  é porque fechaste a porta até para os anjos ...
 
Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora ...  Pois é ... agora é hora de reiniciar ... de pensar na luz De encontrar prazer nas coisas simples de novo. 
Que tal  Um corte de cabelo arrojado ... diferente?  Um novo curso ... ou aquele velho desejo de aprender pintar, desenhar, dominar o computador ...  ou qualquer outra coisa.
Olha quanto desafio ... quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando!  Tá se sentindo sozinho? Besteira! Tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"...  Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você. 


Quando nos trancamos na tristeza ... nem nós mesmos nos suportamos ...  ficamos horríveis ... o mal humor vai comendo nosso fígado ...  até a boca fica amarga. 
Recomeçar ... hoje é um bom dia para começar novos desafios. 


Onde você quer chegar? Sonhe alto ... queira o melhor do melhor! Queira coisas boas para a vida...  pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos. Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos ...  Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor. O melhor vai se instalar na nossa vida. 
 
E é hoje o dia da faxina mental ... joga fora tudo que te prende ao passado ...  ao mundinho de coisas tristes ... fotos ... peças de roupa, papel de bala ...  ingressos de cinema, bilhetes de viagens ...  e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados ... jogue tudo fora... mas principalmente: esvazie seu coração,  fique pronto para a vida ... para um novo amor...
 
Lembre-se somos apaixonáveis ... 
somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes ... 
Afinal de contas... Nós somos o "Amor"...
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura."

Carlos Drummond de Andrade