sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Natureza e Homem em Harmonia


Chegam em silêncio, com passos curtos, firmes e decididos ; uns novos, outros nem tanto. Mulheres e homens de todas as idades e com as mais diferentes vestimentas, desde roupas religiosas a sais, bermudas e calças compridas. Porém, ninguém de terno e gravata ou tailleur (pronuncia-se talhêr). Semblantes tranquilos, marcantes e marcados.
Religiosas (freiras) com seus cabelos brancos com passos curtos e apertados buscam empertigarem-se; ajeitam roupas e cabelos esvoaçados pela brisa que sopra ao longo da manhã e que faz também balançar as folhas das árvores e mexem as águas do lago que circunda o jardim interno da ampla casa, num desenho concêntrico, deixando extasiado quem observa.

Um espetáculo digno da Criação e contemplado pelas criaturas num olhar que reúne misto de admiração e prazer. Parece um cântico da natureza num espaço incrustrado às margens de uma rodovia bastante movimentada. Porém, a distância de um quilômetro entre o portão principal e a construção impede que haja qualquer ruído, exceto gralhas e passarinhos ao redor ou ainda o barulho da água da fonte. Tudo forma um cenário harmonioso, permitindo que se descanse enquanto se trabalha, reza ou passeia pelo ambiente repousante tanto para o corpo como para a mente, dando ainda uma sensação de liberdade e vigor.

Foto e texto da autora
Regina Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Sobre o Carnaval


carnaval é a festa popular mais celebrada no Brasil e que, ao longo do tempo, tornou-se elemento da cultura nacional. Porém, o carnaval não é uma invenção brasileira nem tampouco realizado apenas neste país. A História do Carnaval remonta à Antiguidade, tanto na Mesopotâmia quanto na Grécia e em Roma.
palavra carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é retirar a carne. O significado está relacionado com o jejum que deveria ser realizado durante a quaresma e também com o controle dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa da Igreja Católica de enquadrar uma festa pagã.

Havia ainda em Roma as Saturnálias e as Lupercálias. As primeiras ocorriam no solstício de inverno, em dezembro, e as segundas, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias com comidas, bebidas e danças. Os papeis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores, e estes colocando-se no papel de escravos.

Mas tais festas eram pagãs. Com o fortalecimento de seu poder, a Igreja não via com bons olhos as festas. Nessa concepção do cristianismo, havia a crítica da inversão das posições sociais, pois, para a Igreja, ao inverter os papéis de cada um na sociedade, invertia-se também a relação entre Deus e o demônio.
A Igreja Católica buscou então enquadrar tais comemorações. A partir do século VIII, com a criação da quaresma, tais festas passaram a ser realizadas nos dias anteriores ao período religioso. A Igreja pretendia, dessa forma, manter uma data para as pessoas cometerem seus excessos, antes do período da severidade religiosa.
Durante os carnavais medievais por volta do século XI, no período fértil para a agricultura, homens jovens que se fantasiavam de mulheres saíam nas ruas e campos durante algumas noites. Diziam-se habitantes da fronteira do mundo dos vivos e dos mortos e invadiam os domicílios, com a aceitação dos que lá habitavam, fartando-se com comidas e bebidas, e também com os beijos das jovens das casas.
Durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que encobria ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca.
Imagens Google 2018
A história do carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil.
PINTO, Tales dos Santos. "História do carnaval e suas origens"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.htm>. 

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Almoço Silencioso

Eram 70 pessoas. Chegaram ao refeitório para o almoço num silêncio extremo. Um fundo musical enchia o ar, penetrando na alma e circundando o ambiente interno e externo.

Aos poucos a fila se reduzia e cada integrante buscava o lugar que melhor lhe convinha, a fim de manter a própria internalização ou para estar mais próximo do  ventilador ou ainda afastar-se do vento incômodo, apesar do calor.

De repente o ruído de garfos e facas sobre os pratos tonou-se  como o som emitido pelas matracas na sexta-feira da Santa, abafando inclusive o som da música ambiente.
Viam-se as mais variadas fisionomias; em algumas era perceptível o deleite com alimentos triviais como se fosse um banquete excepcional. As diversas travessas estavam preparadas e distribuídas com esmero em mesas dispostas em pontos estratégicos do refeitório de modo a evitar aglomerações.

Um ou outro, na medida em que concluía a primeira etapa levantava-se para buscar a sobremesa (doces de banana ou abóbora e frutas). Os mais indecisos ou exagerados comiam de tudo um pouco e após levarem pratos e talheres para o local de recebimento deixavam o local em silêncio. 
Foto: RegiluzVieira


E, aos poucos, a música instrumental de maneira suave tornava-se o único som possível de se ouvir, formando como um coro angelical sem palavras.

Regina Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)