Não
há dúvida sobre o crescimento e aprimoramento dos meios de comunicação nos dois
últimos séculos; o século XXI viu crescer a era tecnológica e digital, viabilizando
a rapidez da comunicação de forma globalizada. Mas este crescimento
vertiginoso, bem como os diversos meios ou suportes para divulgar todo tipo de
informação também geram reflexões sobre sua eficiência no que se refere à troca
e contato entre os seres humanos que, em última instância, são os destinatários
da mensagem divulgada.
A
tecnologia digital avança e pesquisas demonstram o crescimento das mídias
sociais, bem como a crescente troca de palavras através do uso constante destas
mídias. O homem está cercado pela comunicação, mas esta é efetiva? É um
diálogo? Fala-se e ouve-se? Ou só se digita inúmeras palavras por segundo, sem
que haja um elo real entre emissor ou emissores e receptor ou receptores e
vice-versa?
Os
meios de comunicação eletrônicos e digitas funcionam como suporte
possibilitando ou não a interação entre as pessoas. Postagem de fotos, vídeos e
textos nas redes sociais nem sempre expressam o momento real vivido pelo seu
emissor. Neste caso, é possível perguntar: Há uma comunicação de fato ou apenas
a divulgação de um conteúdo, a fim de alimentar essas mídias? A comunicação
consiste num processo interativo cujo sistema simbólico entre emissor e
receptor precisa estar em sintonia para que o processo comunicativo seja de
fato efetivo, pleno e eficaz.
Desde
os primórdios, o universo simbólico (desenho, gestos etc.) sempre esteve
presente no fenômeno comunicativo e o primeiro livro impresso, a Bíblia no-lo
demonstra tanto no primeiro testamento quanto no novo. Basta ver a simbologia
que descreve o contato de Deus com o homem, cujos textos usam em suas
narrativas símbolos tais como nuvem, lua, fogo, trovão em inúmeras passagens
(conforme livro do Êxodo, por exemplo). Também Jesus, no novo testamento,
utiliza-se de parábolas para falar ao povo e com seus discípulos. No entanto,
ele utiliza signos conhecidos de seu público: a vinha e o agricultor, o pastor
e suas ovelhas, a dracma perdida, o óbulo da viúva. Portanto, a comunicação é
eficaz e ocorre realmente, quando atinge o objetivo proposto, ou seja, constrói
um processo dialógico capaz de gerar reflexão e entendimento entre as partes
envolvidas.
A
arte do diálogo é inerente ao processo comunicativo e a troca democrática de
ideias, inclusive, nas mídias sociais pode contribuir para uma sinergia capaz
de criar tolerância e confiança na sociedade atual, cuja intolerância e
descrença ampliam-se de forma significativa. Então, não basta saber utilizar as
redes sociais e as diversas mídias eletrônicas ou digitais, mas é necessário
adequar o simbolismo presente no conteúdo ao contexto em que seu interlocutor
está inserido. E, ao mesmo tempo, perceber se há uma integração entre o suporte
escolhido e os respectivos benefícios a serem atingidos. Além disso, é bom
recordar que nem sempre as mensagens postadas nas redes sociais, contendo
sorrisos radiantes expressam de fato o momento real vivido pelo seu emissor.
A
prova de que nem sempre é suficiente uma comunicação digital, está no
questionamento gerado por jovens entre 13 e 15 anos que não se satisfazem por
estar em companhia de amigos da mesma geração e estes ao invés de partilharem o
momento presencial estão conversando via whatsapp. “Ei amiga, eu estou aqui”,
disser uma adolescente para chamar a atenção da melhor amiga que, mesmo estando
ao seu lado, a ignorava. Quando isto acontece é hora de se perguntar: onde está
o diálogo, a troca de informações, a interação, a comunicação?
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Foto de arquivo google |
Depoimento:
“Comunicação para mm é
a ação e a produção de compartilhar com alguém conteúdos diversos, com importâncias
também diversas. Hoje a comunicação é algo relativamente raro, já que com a
internet, as redes sociais e esse mundo eletrônico torna-se mais fácil mandar
uma mensagem do que sentar ao lado de alguém para conversar.
Eu mesma já passei por
isso. Estava com minha melhor amiga em casa, lado a lado, e durante mais ou
menos 20 minutos eu tentei me comunicar com ela e nem sequer recebi um olhar.
Bem, ao chamar a atenção dela, finalmente, consigo um olhar, mas com uma
resposta brava por interromper o que ela fazia.
Sinceramente, acho que
se as mídias digitais fossem mais simples, ou até mesmo mais lentas, seria
melhor, já que assim as pessoas poderiam curtir mais a vida fora desse mundo
eletrônico e sem barreiras”. (MCFC – 15
anos)
Regina Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)