sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Faz de Conta e a Utopia Possível


Vive-se no país do “Faz de Conta” e isto significa: faz de conta que a pandemia acabou, faz de conta que a epidemia de mais um vírus – influenza – não atingiu Estados em diferentes regiões do país e transborda em hospitais e UPAS lotadas pelo país afora. E que a mudança climática não contribui para eventos anormais nesta época do ano tanto no hemisfério norte quanto no hemisfério sul.

Faz de conta que não há fome, nem corrupção, nem sem teto ou que mais de 14 milhões de pessoas não estão sem trabalho e não aguardam pelo chamado “Auxílio Brasil”. Faz de conta que a inflação não corroeu o salário daqueles que ainda o têm e que a educação formal, o saneamento básico, a energia e todas as condições para que um ser humano viva dignamente, chegaram aos milhões de pessoas nos locais mais longínquos deste país continental.

Enfim, um grande Faz de Conta no qual a saga do herói (cada um dos brasileiros que se esforça para viver dignamente) nunca tem fim. Ou melhor, só finda quando a morte chega e, muitas vezes, de modo trágico ou por balas perdidas com rumo certo. Seria cômico, se não fosse trágico, já diz um velho ditado.

Tem-se a impressão de que a pandemia de Covid não conseguiu penetrar para transformar, de fato, a Cultura de Morte em Cultura de Vida, a fim de permitir que a solidariedade, a fraternidade de todos despertasse, não apenas o melhor de cada um, mas construísse um modo de viver no qual a esperança não fosse apenas uma grande utopia.

Foto Google

A utopia possível, no entanto, só ocorrerá, quando se educar o cidadão, desde a mais tenra idade, para a cooperação e a solidariedade, tendo em vista a fraternidade universal, um dos princípios esquecidos da Revolução Francesa, e que implica ética, respeito, honra, tolerância, perdão, afeto, ternura e amor (no sentido mais profundo destes vocábulos). Concretizar toda esta formação só será possível se a mudança começar por cada pessoa que mantiver acesa a chama da esperança de que um dia o Faz de Conta será substituído pelo Final Feliz. 

Isso implica em não perde a vontade, o desejo, a força para denunciar, lutar e acreditar que é possível vencer. Manter a confiança, a solidariedade e “arregaçar as mangas”, considerando que o outro tem direito a viver em condições dignas com moradia, trabalho, água potável, saneamento básico, alimento para si e para a família, condições de sustentabilidade nos vários aspectos da vida neste planeta chamado Terra, nos vários continentes e, neste país chamado Brasil. É um futuro distante, mas não impossível, basta que todos sem exceção – seja pessoa física, seja pessoa jurídica – estejam dispostos a trabalhar em prol do bem comum.

Regina Maria da Luz Vieira (RegiLuzVieira)

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