sexta-feira, 4 de julho de 2025

Gesto inusitado

Horário de almoço: queda brusca de temperatura com rajadas de vento gélido, um cadeirante-pedinte defronte ao portão de entrada da igreja; na mesma calçada, a meio metro de uma banca que expunha variados tipos de agasalhos e complementos para o frio. De repente, num gesto inusitado, a vendedora retira um belo poncho da arara e agasalha o pedinte, o qual abre um sorriso de esplendor em sua cadeira de rodas. Transeuntes se emocionam com o gesto e batem palmas; um deles exclama: uma verdadeira ação de caridade.

Fonte: Google

O gesto inusitado aquece corações, trazendo esperança, confiança e a certeza de que ainda é possível acreditar que o ser humano não é tão individualista como a sociedade faz parecer. Há aqueles que enxergam os invisíveis do mundo e estendem a mão na medida em que o braço alcança, a fim de prestar ajuda. A imagem desta vendedora-ambulante vestindo o poncho no cadeirante-pedinte, em plena via pública, foi a concretização do mistério litúrgico que acabara de se realizar no interior do templo. 

Um momento emblemático para quem naquele exato momento atravessava o portão da igreja em direção aos restaurantes e comércios da redondeza. Apesar do frio rigoroso do momento muitos sentiram o próprio corpo aquecido e se questionaram: “por que não pensei nisso? Esta é uma ação possível a quem se sente próximo daquele que está em situação de penúria.”

A ambulante foi a boa samaritana socorrendo aquele que necessitava de auxílio num instante inglório; a atitude da mulher deixou claro que basta olhar para ver e prestar assistência a tantos invisíveis, visíveis nesta megalópole paulistana.

Regina da Luz Vieira (RegiLuzVieira)