quinta-feira, 2 de julho de 2020

Mudanças e Transformações

Motores: carros, ônibus, caminhões, serra elétrica. Sons de buzinas, sirenes, aviões, guindastes, construções, que retornam ao entorno da Avenida e ruas adjacentes, capazes de abafar e afugentar o canto dos pássaros e longos momentos silenciosos que, ao longo de 90 dias, envolveram a região como resultado da Covid-19; epidemia que transformou a vida de todos ao redor do mundo.
fonte: google
Há ainda ruídos que indicam não o retorno à normalidade, pois esta ainda está bem distante, mas que são sinais de que a pandemia não impede a continuidade de obras públicas. Moradores e comerciantes voltam a conviver com estrondos de guindastes, retro-escavadeiras e britadeiras que, sem piedade, destroem calçadas e asfaltos em nome do progresso, pás e ferramentas que vão recobrindo com cimento os mesmos locais anteriormente destroçados.
Ao longo de uma semana – que mais parece eternidade – crescem a poluição sonora e também a ambiental, pois a fuligem e a poeira invadem o ar.  E tudo para que fios antes expostos tornem-se subterrâneos dando espaço a visão mais ampla de quem, eventualmente, observa a paisagem através das janelas de lojas, escritórios e prédios residenciais instalados na região. Descortina-se uma límpida  imagem:  céu azul, com pouca ou nenhuma nuvem, sol intenso como um dia de verão em pleno inverno.
Pontualmente, às 11h15, todos os dias, o barulho intenso dá uma trégua: hora do almoço de quem enfrenta o pesado trabalho em canteiros de obra e na construção civil. Ouvidos mais sensíveis agradecem; é um refrigério  auditivo e mental. Ainda assim, ao longe é possível observar, ou melhor, ouvir o barulho ritmado de pás e ferramentas mais leves que forjam o acabamento das caixas de cimento que são construídas ao longo das calçadas e que serão chumbadas ao chão para evitar mãos predadoras. Enfim, a vida frenética e pulsante se bem como a sobrevivência  humana e econômica se sobrepõem ao medo da contaminação pelo vírus da Covid-19 que teima em fazer seu estrago há quase 100 dias no Brasil e mundo afora.

Regina Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)

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