quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Ainda sobre a Morte

A morte nos ronda diariamente: morrem parentes próximos e distantes, amigos, conhecidos e desconhecidos. Porém, quando isto ocorre de forma trágica a sensação de vazio e impotência invadem o corpo e a alma; percebe-se imediatamente o quanto a vida é frágil, fugaz.  Traz também a certeza de que só se tem o instante em que se respira.
Quando a morte é coletiva e, acompanhada por uma tragédia, gera uma grande comoção, mobiliza a sociedade em nível global, como ocorre agora como esta que ceifou a vida dos jovens jogadores de futebol chapecoenses, bem como de 21 jornalistas esportivos, além de vitimar também profissionais da aviação e passageiros bolivianos. A perda em si já causa uma grande dor e, nesta proporção coletiva eterniza seu significado.
Esta situação trágica, no entanto, tem algo de positivo: todos se irmanaram num único sentimento de pesar, pipocando homenagens não só em diversos pontos do país, mas em outras nações. Sem contar que, deixando de lá um pouco o noticiário de corrupção, o Brasil está retratado na mídia internacional como um país em luto pela perda de profissionais promissores para o futebol, esporte que nos últimos períodos também deixou a desejar para seus apreciadores. 
É importante lembrar que a vida continua e vence a morte; é preciso seguir em frente, buscando motivos para renovar as energias, confiando que há um sentido para todo acontecimento, seja este trágico ou alegre, coletivo ou individual.
Uma prova disso é o fato de que a rivalidade futebolística cedeu espaço a homenagens por parte de diversos times grandes e pequenos nacionais e internacionais a um time quase desconhecido, mas que alcançou um patamar de destaque neste esporte coletivo. 
O estádio Arena Condá, em Chapecó (SC) completamente lotado para homenagear seus jogadores mortos no acidente aéreo na Colômbia comprova que a união e a unidade é possível neste esporte capaz de criar atitudes polêmicas e até irracionais. 
É algo inédito esta homenagem no futebol e que se repete também no estádio de Medellín, onde seria disputada a partida final do campeonato sul americano, comprovando a solidariedade mais uma vez presente e que se acentua no momento de dor, seja esta individual ou coletiva.
A voz da população chapecoense, em unívoco, cantando e gritando: "é campeão", demonstra a emoção e a comoção que envolve todos e, de modo especial, aqueles que conviveram com as vítimas do time da cidade que faria neste dia 30/11 sua primeira disputa internacional. Como disse Arthur Crispin em seu texto que se replica nas diversas mídias "é preciso cultivar os afetos, deixar os desafetos pra lá,nos livrar das âncoras e seguir com as velas". Ou seja, manter a paz interior, a esperança na própria vida.


Regina Maria da Luz Vieira (RegiluzVieira)

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