quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma luz no fim do túnel

A conclusão da Rio+20 trouxe alguns avanços. Uma luz no fim do túnel, no entanto, sabemos que as informações mais "ligth", ou melhor, não tão favoráveis ao status quo são divulgadas sem muita ênfase. Diante disso, decidi trazer para estas páginas a análise feita por um dos membros da Economia de Comunhão (EdC) sobre uma das decisões que mais geraram polêmicas neste evento que durante quase um mês envolveu toda a cidade do Rio de Janeiro. O texto, a seguir, está na íntegra.

Regina Maria da Luz Vieira (Regiluz)

Novo índice da ONU aprovado na Rio + 20

Muito foi falado sobre o fracasso da Rio + 20, mas isso não é totalmente verdade. Embora tenham sido pequenos os passos avante dados pela comunidade das nações na busca por um crescimento sustentável, principalmente por motivo da atual crise econômica, foram colocadas as bases para uma contínua discussão e aprimoramento do controle de toda a sociedade sobre a ação dos governos.
Por exemplo, uma das principais conclusões da Rio + 20 foi a aprovação de um novo índice para se medir a riqueza/pobreza de um país. Trata-se do IRI - Índice de Riqueza Inclusiva, o qual muito ouviremos falar  daqui para frente, e que veio para substituir o PIB - Produto Interno Bruto e o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Estes dois índices são muito criticados por não trazerem medidas adequadas quanto ao desenvolvimento de um país no tempo.
O IRI foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas (UNU-IHDP, na sigla em inglês). É muito diferente do que se conhece e seus resultados também: uma de suas medidas é o progresso que cada país faz em direção à melhoria, seja em preparo da população como em riquezas econômicas e naturais. Por isso, seu ranking é bem diferente do que se espera.
Por exemplo, a China, um dos países maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa, foi o país que mais se desenvolveu de forma sustentável no planeta, de acordo com o novo ranking, entre os anos 1990 e 2008 (anos base para a primeira relação de IRIS).
Foram estudados 20 países: os mais ricos (exceto a Itália), os BRICS (Brasil,  Rússia, Índia, China e África do Sul) e outros (Colômbia, Venezuela, Chile, Equador, Quênia, Nigéria e Arábia Saudita). Representam 56% da população mundial e 72% da riqueza do mundo baseada no PIB.
De acordo com a medição, a maioria dos países estudados está acabando com seus recursos naturais. Em outras palavras, esta geração não está conseguindo crescer e legar às gerações futuras uma riqueza razoável. Ou, ainda, as políticas públicas da maioria dos países pesquisados não são sustentáveis no tempo.
Quanto ao Brasil, está numa situação intermediária. Mesmo ficando em quinto lugar entre os 20 países pesquisados, seu IRI só foi positivo por causa dos investimentos em educação e formação de sua população (foi o país que mais conseguiu valorizar seu capital humano no período 1990-2008). Houve uma sensível perda na área de florestas, com expansão de 10% das terras agriculturáveis, seja para finalidades pecuárias como agrícolas, e uma diminuição na sua produção industrial.
O ranking 2012 é: 1º) China, com um IRI de 2,1; 2º) Alemanha, 1,8; 3º) França, 1,4; 4º) Chile, 1,2; 5º) Brasil, Índia, Japão e Reino Unido, 0,9; 9º) Noruega e Estados Unidos 0,7; 11º) Canadá e Equador, 0,4; 13º) Austrália e Quênia, 0,1; 15º) Colômbia e África do Sul, - 0,1; 17º) Rússia e Venezuela, - 0,3; 19º) Arábia Saudita, - 1,1; 20º) Nigéria, - 0,8.
Entre todos os países analisados, apenas o Japão aumentou o seu "capital natural", devido ao aumento da sua área florestal. Para notarmos as diferenças entre o PIB e IDH em comparação ao IRI basta sabermos que cinco dos 20 países (Arábia Saudita, Colômbia, Nigéria, Rússia e Venezuela) tiveram PIB e IDH positivo no período 1990-2008, porém, apresentaram IRI negativos.

Luiz Colella




2 comentários:

  1. Olá Dra. REgina,
    Boa matéria para manter-nos informados sobre este tema tão atual.
    Abraços,
    Elisabeth de A. Pinto

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  2. Muito bom Regina, o texto de Colella, primeiro, por questionar a unanimidade de que a Rio+20 fracassou (publiquei algo a respeito em http://migreme.net/1kr4)e, segundo, porque introduz mais um novo modo de ver e posicionar-se quanto ao desenvolvimento. Parabéns por evidenciar essa análise em seu blog. Abraços!

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