Andarilhos e moradores de
rua integram o cenário de quem reside ou trabalha na Avenida Paulista. Situação
esta que provoca reações adversas; muitos ficam indignados, outros quase indiferentes,
mas todos são afetados por seres humanos despojados da própria dignidade impingida
por questões adversas e na maior parte desconhecida dos transeuntes e habitantes
desta megalópole.
No entanto, esta semana os
olhares de muitos transeuntes foram atraídos por um morador sentado na calçada,
esquina das ruas Augusta e Antonio Carlos. Isto porque ele estava agachado,
apoiando nas pernas um livro, ao mesmo tempo em que escrevia no caderno com um lápis.
Na verdade, copiava do livro um texto, o qual a longa distância, parecia ser
extenso. Após certo período sentou-se e começou a ler, até que decidiu-se remexer
nas sacolas a sua volta; por fim guardou com muito zelo tanto o livro quanto o
caderno, o lápis. Finda esta tarefa parecia refletir sobre o que havia escrito
e lido.
O ponto onde estava era um
prédio da Receita Federal desativado, cercado com um tapume de zinco preto,
pois estava em obra. Talvez, por isso, sua barraca desaparecera, deixando-o ao
relento com suas sacolas e bolsas gastas pelo tempo, porém, repleta de livros.
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Foto da autora |
Regina da
Luz Vieira (RegiLuzVieira)