segunda-feira, 8 de março de 2021

A Escola da Esperança

Neste período pandêmico cada vez mais acirrado no país a saúde e a sobrevivência tornaram-se bens preciosos; o ar que se respira está doente e ficar sem ele gera morte., a exemplo da catástrofe em Manaus. Porém, algo não pode ser perdido ou deixado de lado: a Esperança. Diante da doença e da morte há o desespero da dor; porém, esta também precisa ser enfrentada para que o ser humano não perca a lucidez e o sentido da Vida. É isto que faz ressurgir a esperança ou a luz no fim de um túnel muito escuro e longo....

No entanto, a vida ganha maior significado quando se vislumbra o horizonte e se é capaz de perceber a necessidade do outro. E neste sentido, também se estende a mão para ajudar esse outro. É isso que fez uma menina de 12 anos tornar-se professora no interior do Maranhão e ensinar aquilo que já sabia as demais crianças que nada sabiam.

Ela foi capaz de dar sentido a situação de extrema penúria e criar uma sala de aula a partir de materiais  reciclados como ferro, madeira e tecidos de TNT coloridos, recolhidos pelos adultos para alfabetizar tantos outros pequenos que não sabiam ler ou escrever. É comovente e questionador verificar que em pleno século XXI uma criança constrói  a sala de aula a partir do lixão para democratizar o saber, que é um Direito constituído internacionalmente. 


Com a força de vontade e o sonho de ter um diploma de advogada no futuro para fazer Justiça aqueles que nada têm e muitas vezes precisam recorrer ao Judiciário, a pequena Érica decidiu  pedir livros, cadernos, lápis, borracha para oferecer à Escola da Esperança e, assim alfabetizar as demais crianças da região. As inúmeras dificuldades enfrentadas pela família não diminuem a esperança desta menina que, quando se sente muito triste por vivenciar situações tão desumanas de sobrevivência, se refugia nos livros e encontra forças para seguir adiante. Busca assim transformar...

É inspiradora a ação desta pequena professora, mas também é questionadora: Que país é este no qual uma criança precisa recorrer ao lixão para ensinar outras crianças a ler e escrever? Que país é este no  qual a escola tornou-se não apenas brincadeira de crianças, mas uma pequena sala de aula real, quase escura, com pouca ventilação, no interior do Maranhão? Até quando se vivenciará esta realidade? São questões não para terminar a Esperança, mas fazê-la florescer de um modo novo, ressignificando o presente para edificar um futuro mais positivo para aqueles que são o futuro da Humanidade neste Brasil tão desigual em tantos aspectos.

Foto: Google

Regina Maria da Luz Vieira (RegiLuzVieira)